sábado, 13 de junho de 2009

Vale fecha primeiro contrato anual de fornecimento


A Vale fechou nesta quinta-feira o primeiro contrato de fornecimento de minério de ferro do ano. O negócio foi concretizado com a Nipon Steel a com a gigante sul-coreana Posco e o desconto acertado foi de 28,2%.

Apesar de o desconto ter sido menor que o dado pela concorrente Rio Tinto (-33%) o mercado não reagiu com euforia e otimismo. Os fatores que pesaram para que este comportamento foram dois.

Primeiro é que o grande consumidor do minério da Vale é a China. E a China permanece absolutamente firme em exigir uma redução de no mínimo 40% no preço do minério. Enquanto não houver uma definição de fornecimento para a China este ajuste não terá grande peso no movimento da ação.

Segundo porque os dados de estoque de minério de ferro da China apontam para um crescimento substancial ao mesmo tempo em que as exportações brasileiras para lá caíram significativamente. E mesmo para os que dizem que a China está fazendo este movimento para pressionar as mineradoras a ceder nas negociações outro fator pesa para enfraquecer esta tese. As importações das mineradoras australianas não cresceram na mesma medida em que as da gigante brasileira caíram. O que mostra que a retomada da demanda por minério de ferro no mercado mundial pode não ser sustentável.

Por estas razões a Vale foi um dos poucos papéis do índice Ibovespa a fechar no campo negativo nesta sexta-feira (12/06) e com um volume financeiro muito alto e desproporcional ao do restante do mercado.

Com vencimento de opções e índice pipocando durante a semana que vem o papel fecha a semana chamando a atenção. Os aluguéis também aumentaram bastante nas últimas semanas.





Será o prenúncio de um movimento mais agressivo de queda? Quem viver verá.

Últimas novidades do Happy Hour.

Pelo jeito os antigos frequentadores resolveram voltar na medida que os novos começam a sair. quem será que vai pagar esta conta de 3 meses de farra?

Friboi encosta no Governo Federal.



Comentários nos bastidores alertam para um possível financiamento com recursos públicos para o Frigorífico Friboi (JBSS3) a um custo muito atraente.


A fonte não confirma a origem do boato, mas onde a fumaça pode haver fogo. Olho nelas.

BC traz SELIC a 9,25% cortando 1%. E agora?


A taxa SELIC tem grande importância e peso na economia brasileira. É a principal ferramenta do governo na formulação e aplicação da política monetária, que tem como finalidade regular o valor da moeda. E por isso é também base da política fiscal, que tem como objetivo estabelecer os limites do governo quanto ao endividamento público e externo e investimentos das diversas áreas sob gestão pública, afinal o valor da moeda é fundamental na hora de pagar uma conta feita lá atrás. Através da regulação da taxa SELIC que o governo atua no combate a inflação e no estímulo a economia.

O mecanismo de controle da inflação que se aciona mediante a utilização da SELIC é o de custo do crédito. Uma vez que a SELIC serve de base para a formação do custo do crédito público e privado. Na medida em que o governo eleva ou reduz a taxa SELIC, aumenta ou diminui o custo do crédito. Ou seja, fica mais caro ou mais barato tomar empréstimos ou financiamentos para consumir ou investir. No caso de um aumento, fazendo com que se reduza o ímpeto de consumo e assim se reduza também a demanda por bens e serviços. E vice-versa. E daí?

Daí que a relação entre a oferta e a demanda é o que define o preço de tudo. Num país como nosso onde a indústria ainda é emergente e dependemos muito de produtos e insumos importados para suprir nossas demandas, um excesso de crédito gera um desequilíbrio entre a o que as pessoas querem e podem comprar e o que nossa produção doméstica tem a oferecer em toda sua cadeia. Gerando pressão inflacionária ou desajustando a balança comercial.

Com cinco pessoas querendo levar um produto para casa e só três produtos disponíveis o comerciante vai aumentar o preço até se ajustar a demanda, ou seja, até onde os três que querem mais se disponham a pagar de prêmio além do valor normal para ficarem com o produto. Porém, ao mesmo tempo, o comerciante vai exigir maior escala do fornecedor, que sentindo a pressão dos clientes vai também vai aumentar o preço, já que provavelmente as matérias primas desse produto também vão estar inflacionadas pela demanda.

E este desequilíbrio influencia em toda cadeia. Primeiro no desajuste do valor da moeda, que resulta na inflação ou deflação. Ou seja, não se consegue comprar o mesmo número de itens desses produtos com o mesmo número de unidades monetárias. Segundo impacta na balança comercial e consequentemente no cambio e na formação de reservas. Isto porque além de muitas linhas de produção precisarem de insumos importados, muitos desses produtos sob pressão de demanda são importados já acabados. E todos estes fatores geram stress numa cadeia gigantesca que impacta na vida de qualquer cidadão.

Na última reunião o Comitê de Política Monetária, o COPOM, optou por um corte de 1% na taxa SELIC. Um corte maior do que o esperado pelo mercado, que aguardava algo entre 0,5% e 0,75%. Também um corte simbólico e com forte apelo a diversas interpretações e especulações. Primeiro porque traz a taxa SELIC para um valor abaixo de 10% pela primeira vez em mais de 25 anos. Segundo porque acontece em um momento onde o mercado como um todo espera atento e sedento por sinais e indicadores que dêem qualquer sinal ou dica de como esta a saúde econômica do nosso país.



E agora!? Um corte de 1% neste momento é bom ou é ruim? Em que implica este corte?
Podemos tomar a grosso modo dois caminhos para análise.

Primeiro o de que o Banco Central está mantendo sua estratégia de corte com a finalidade de manter a economia doméstica aquecida deixando um pouco de lado a questão inflacionária até que se tenha uma retomada da economia mundial. Ou seja, cortou para dar continuidade a um cronograma estratégico provavelmente já negociado entre as diversas esferas do poder público e privado e flexibilizou um pouco a questão da inflação para priorizar a oxigenação da economia. O que seria a alternativa boa.

Segundo, e mais temerário, o governo está sentindo que há um enfraquecimento maior do que o previsto na demanda e com isso precisa agir com mais força. O corte de 1% pode ser uma medida agressiva numa tentativa de não deixar a confiança do consumidor cair e estancar o consumo num momento bastante delicado.

Porque o momento é delicado? Imaginem a economia do mundo como uma pessoa que subia uma longa escadaria. Em determinado momento sente confiança e começa a correr escada acima. Sente mais confiança ainda e agora salta de dois em dois degraus. Porem, o excesso de confiança faz com que tropece e caia rolando e se debatendo quase que metade dessa escadaria até que chega num degrau mais largo e reduz a velocidade da queda. E quando sente que a velocidade reduziu começa a tentar se segurar no corrimão e a realizar manobras para se estabilizar e já tentar voltar a subir a escada. Mas está ainda atordoado, dolorido e sem confiança. E ao mesmo tempo em que tenta com todas as forças se estabilizar tem que se concentrar para localizar os ferimentos da queda.

Neste momento a economia mundial está como o nosso desastrado. Apesar de já ter conseguido assumir uma posição confortável para voltar a subir ainda está atordoada, cambaleante e recém começa a identificar os ferimentos reais e a gravidade deles. Esse receio de que mesmo que volte a subir agora algum ferimento se agrave logo nos primeiros degraus, levando suas forças e fazendo com que o frágil equilíbrio atingido nos últimos meses se vá e ela volte a cair escada abaixo é o que tem desajustado o fluxo financeiro mundial.

Tendo em vista este possível cenário, na dúvida, o mercado não se posicionou perante a decisão COMPOM e nesta sexta-feira o mercado trabalhou sem levar em conta o resultado da reunião.

Existem muitos fatores que levam o mercado a confiar e desconfiar do atual momento. Para desconfiar, a alta expressiva da BOVESPA é um deles. Nossa bolsa sofre grande influencia das commodities. E estas por sua vez tendem a acelerar em momentos de desequilíbrio financeiro. Isto porque em momentos de desconfiança no sistema financeiro os investidores migram para ativos da economia real e pressionam seus preços. Com as commodities em alta nossa bolsa acompanha. Porem, essa bonança quase sempre precede a tempestade.

Com isso resumo que para quem segue a filosofia do “Carpe Diem” o mercado está propício aos bons negócios até que a tempestade se apresente. Mas para quem busca fundamentos econômicos para lastrear seus investimentos o momento é de fortes emoções e calafrios.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Portaria do Happy Hour



E pelo que vemos os convidados seguem chegando. Na primeira semana do mês de junho os gringos seguem sendo os únicos com saldo positivo na Bovespa. Parece que o fôlego deles permanece.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cadê meu happy hour?

flutuaçãoflu.tu.a.çãosf (lat fluctuatione) 1 Ato ou efeito de flutuar. 2 Movimento ondulatório dos líquidos. 3 Biol Variação que se produz num ser vivo causada pelo meio. 4 Med Movimento ondulatório de um fluido acumulado numa cavidade do corpo, após sucussão. 5 Mudanças de velocidade em um aparelho de som. 6 Sensação de descontinuidade na projeção de filmes. 7 Ondulação de um corpo, como a que o vento produz em uma bandeira etc. 8 Oscilação, variação. 9 Volubilidade, inconstância. 10 Variação no valor de papéis de crédito. 11 Hesitação.

Comecei este comentário com o significado da palavra “flutuação”, exatamente porque muitos investidores estão sem saber o que fazer em função desse sentimento.
Num contexto ampliado eu diria que a falta de convenções em relação à precificação de ativos vista ultimamente desajustou os padrões de tomada de decisão da grande maioria dos investidores.

Hoje ninguém saberia dizer ao certo onde é o piso e onde é o teto do mercado. Nem mesmo aqueles que até a pouco ditavam preços e tendências. O que se sabe é que enquanto não surgirem padrões concretos de precificação para esse novo cenário de tantas incertezas os preços “flutuarão” ao sabor do humor dos investidores. E nisso pesa o humor dos que tem mais força.

O aumento do fluxo estrangeiro de entrada que acelerou a pressão de compra do mercado acionário brasileiro puxou os preços dos ativos a um patamar extremamente desconfortável para o investidor nacional - da pessoa física às instituições financeiras - que não está mais disposto a ver seus investimentos sofrerem com as oscilações fortes de queda dos últimos tempos.

Como ilustração, eu diria que o que vimos foi um happy hour em plena segunda-feira receber convidados novos e se transformar em uma festança e agora já em uma interminável festa rave. Só que os freqüentadores do bar saíram da festa na mesma hora em que os convidados “gringos” começaram a encher de mais o bar e a subirem em cima das mesas sem camisa. Agora o que vemos são os antigos freqüentadores de fora esperando os novos retomarem a compostura e do outro lado os novos já com cara de cansaço e sem muita diversão chamando os antigos para dentro do bar para darem uma animada e ajudarem a esticar essa festa.

Como esse happy mirabolante vem se esticando desde segunda-feira e já estamos na quinta-feira os antigos freqüentadores já estão começando a ficar impacientes por estarem sem seu happy hour durante toda semana. Agora estão começando a avaliar se mesmo com o bar todo desorganizado e quase sem bebida entram e caem na gandaia com os gringos nem que seja por algumas horas, mas com isso assumem o risco de se embebedarem e não verem os gringos saírem à francesa deixando para trás toda conta da semana de farra. Ou se esperam eles terminarem a algazarra e o bar voltar a ficar nos trinques para eles.

E nisso tudo ainda pesa uma lembrança recente. Uma festança parecida como esta que terminou numa ressaca sem precedentes recentes quando o Brasil ganhou a sequnda nota do Investment Grade. Que ao invés de se tornar a surpresa do bolo praticamente marcou o início do fim de uma era de ganhos que parecia interminável na Bovespa.

Agora tudo vai depender do fôlego dos gringos e da paciência e memória dos antigos freqüentadores.

E quem viver verá.