domingo, 16 de agosto de 2009

RECUPERAÇÃO DO MERCADO DOMÉSTICO PUXA LUCRO DA PETROBRAS

São Paulo e Rio, 14 - A recuperação do mercado doméstico beneficiou o resultado da Petrobras do segundo trimestre deste ano, quando a companhia apresentou lucro líquido de R$ 7,7 bilhões, alta de 33% em relação aos três primeiros meses de 2009. Após registrar queda nos volumes vendidos no País entre janeiro e março, a estatal conseguiu retornar ao nível de comercialização anterior à crise global. As vendas de combustíveis da Petrobras no mercado interno aumentaram 10% no segundo trimestre, em comparação aos três primeiros meses de 2009.

"Não sei se dá para falar que a crise já passou, mas pelo menos os efeitos aqui (no Brasil) estão demonstrando recuperação", afirmou o diretor Financeiro da companhia, Almir Barbassa, durante a apresentação dos resultados a jornalistas. A estatal vendeu 1,763 milhão de barris por dia (bpd) de derivados no Brasil no segundo trimestre, ante 1,765 milhão de barris no mesmo período de 2008. Entre janeiro e março de 2009, a estatal comercializou 1,6 milhão de bpd no Brasil, reflexo da queda na demanda por diesel e gás natural em razão da desaceleração da atividade econômica.

O desempenho operacional foi o principal destaque do balanço financeiro da companhia, beneficiado também pelo aumento da produção de petróleo, pela alta do preço da commodity no mercado internacional e pelo desempenho positivo de sua balança comercial. A margem Ebitda da companhia atingiu 39% no segundo trimestre de 2009, ante 32% nos três primeiros meses do ano, o equivalente a um crescimento de sete pontos porcentuais. Mesmo em relação ao segundo trimestre de 2008, quando o preço do barril aproximava-se do recorde de US$ 145 atingido em julho, a margem Ebitda cresceu seis pontos porcentuais.

Os estoques de óleo a preços mais baixos do que os de realização também foram relevantes para a melhora no resultado, propiciando ganhos de R$ 1,4 bilhão no período. A empresa estava com elevados estoques a um preço menor na virada do trimestre, antes da alta do valor do barril de petróleo. Com o aumento do preço do barril durante o trimestre, a estatal pôde vender o produto a preços mais altos. O preço médio da commodity no mercado internacional passou de US$ 45 o barril, no primeiro trimestre, para a média US$ 59 o barril entre os meses de abril e junho.

Por outro lado, a valorização do real de 15% real no período provocou um efeito negativo sobre o resultado financeiro, que ficou no vermelho em R$ 2,46 bilhões no segundo trimestre, ante prejuízo financeiro de R$ 849 milhões nos três primeiros meses de 2009. Apesar de a queda do dólar no período ter provocado um resultado financeiro positivo no valor de R$ 566 milhões sobre o endividamento líquido da companhia, a estatal aumentou em R$ 1,61 bilhão o seu prejuízo na linha financeira devido às perdas cambiais sobre recursos aplicados no exterior, que somaram R$ 2,82 bilhões. "Na prática um fator acabou quase anulando o outro", disse Barbassa.

Barbassa também comentou durante entrevista coletiva que os investimentos da companhia em 2009, previstos inicialmente para atingir R$ 61 bilhões, devem ultrapassar este valor. Segundo ele, como foram investidos mais do que 50% no primeiro semestre, há esta tendência, considerando que historicamente os investimentos da estatal são maiores no segundo semestre.

Além disso, disse o diretor, houve alguns projetos que foram incorporados aos investimentos previstos pela estatal no ano, o que pode puxar para cima os valores estimados inicialmente. Entre esses projetos estão duas sondas que a companhia negociou para perfurar no pré-sal, a Cajun Express, da Transocean, e a West Polaris, da Seadrill. Esses equipamentos não estavam incluídos no pacote de encomendas que a estatal previa para o programa de perfurações este ano.

Segundo Barbassa, a empresa está de olho em novas oportunidades que surgirem no mercado para negociar novas sondas, e isso pode elevar os valores ainda mais. O diretor não quis revelar o valor negociado, mas lembrou que cada sonda envolve uma série de outros contratos para a instalação da infraestrutura de cada poço a ser perfurado. Ele lembrou que cada poço custa em média US$ 60 milhões apenas para sua perfuração, valor que pode dobrar considerando a infraestrutura que envolve a ação.

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